Nivea Schunk 09/03/2010

A diversificação de culturas de ciclo mais curto nos grandes espaços disponíveis entre as linhas dos pomares é a motivação da pesquisa sobre sistemas de consórcio de fruteiras com hortaliças e grãos sob irrigação, da Embrapa Cerrados. A partir da implementação do modelo durante um experimento com bananeiras, diversas espécies já estão sendo avaliados na área experimental da unidade, em Planaltina, Distrito Federal.

Sob a ótica agroflorestal, o princípio é aprimorar a técnica de aproveitamento desses solos muito bem preparados, corrigidos e irrigados. Além de proporcionar retorno econômico nos primeiros anos que antecedem a colheita inicial de frutas, a diversificação da gama de produtos disponíveis para alimentação é de grande importância, principalmente para os pequenos fruticultores.

O pesquisador Tadeu Graciolli compara os dois anos necessários para começar a produção de manga, laranja, abacate, goiaba, ao curto período de 90 a 130 dias para colher feijão e milho, por exemplo. Ele menciona que além das vantagens nutricionais e de lucratividade, há a questão  social, com a alocação mais intensiva da mão de obra familiar.

A proposta é aproveitar a área no período de inverno para plantar hortaliças e feijão. Já, na safra tradicional a intenção é intercalar milho e arroz. Com apenas 14 meses e um desempenho muito bom numa área de 0,3 hectares, já foram colhidos milho, cebola, alho, feijão, repolho, alface, couve abóbora, mandioca, inhame e batata doce.

— As metodologias utilizadas variam de acordo com a espécie. Tratamos as culturas em separado, providenciando tudo aquilo que é preciso para melhorar o seu desenvolvimento. A quebra da extensão da monotonia de uma só cultura aumenta de biodiversidade, criando um ambiente desfavorável às pragas e doenças —

As instalações consideram também parâmetros, como fazer uso apenas de três dos cinco metros das ruas dos pomares. A experiência comprovou que é perfeitamente possível produzir bastante alimento, contanto que se faça uso eficiente dos recursos disponíveis. Graciolli informa que o  processo de transferência de tecnologia deve começar em breve. 

	"A quebra da extensão  da monocultura cria  um ambiente desfa-  vorável às pragas"  Tadeu Graciolli,  da Abrace